A cultura do Pali Pali
작성자 : 임두빈 작성일 : 2011-10-05 11:42:21 조회수 : 294

Carta do Editor / Carta do Editor
A cultura do Pali Pali
David Cohen
Débora exercita a arte de escrever em coreano. Vai encarar um su-neung?
Quando se fala em inovação nos negócios, é comum pensarmos em empresas repletas de jovens
trajando bermudas, com horário flexível, às vezes até um cachorro deitado ao lado da mesa de
trabalho. É o estereótipo do Vale do Silício (embora os sócios da companhia que iniciou a fama do
vale, a Hewlett-Packard, usassem gravata).
Pois bem. Há outros gêneros de inovação. E um dos mais bem-sucedidos é quase o oposto do
espírito californiano. Baseia-se na disciplina, no esforço, no estudo. Estamos falando da Coreia, um
país que partiu de uma pobreza extrema na década de 60 e hoje tem a população mais educada do
planeta (de acordo com testes internacionais aplicados a estudantes de 15 anos, descontando a China,
que envia apenas alunos da avançada Xangai para fazer a prova), uma renda per capita de US$ 29
mil, cidades que se transformaram em ambientes saudáveis, empresas fortes que crescem e ganham
mercado por todo lugar.
É um país bem diferente do Brasil. Não tem nossa exuberância de recursos naturais, exercita uma
cultura milenar e o jeito de pensar oriental, é rígido (às vezes rígido demais: os castigos físicos só
este ano foram proibidos nas escolas, e o índice de suicídios é o mais alto da OCDE). Mas traz lições
valiosas, principalmente para empresas interessadas em inovar, crescer, ganhar mercado. “O que
mais chama a atenção na Coreia é o comprometimento com metas. Eles não param enquanto não
atingem seu objetivo”, diz a editora-executiva Débora Fortes, que passou duas semanas mergulhada
no universo coreano. “Outra característica impressionante é o grau de planejamento. Eles estudam
muito o mercado para escolher em que áreas investir – não querem entrar em nada para perder.” Isso
existe em todos os níveis. O vestibular (su-neung), por exemplo: os coreanos estudam para ele desde
criancinhas. Débora foi uma escolha natural para fazer essa reportagem. Não apenas por sua extraordinária
capacidade de apreender informações, cativar fontes, extrair declarações reveladoras, observar a
realidade e transmitir tudo isso com graça e clareza. Também por outros dois motivos. O primeiro:
Débora tem ampla experiência em cobertura jornalística do mundo da tecnologia, e estava por isso
em posição privilegiada para observar diferenças, questionar, refletir sobre o caminho coreano. O
segundo: Débora nasceu com algo que está no cerne da cultura coreana. Para ela, o trabalho tem de
ser pali pali (rápido, rápido). E – como você pode conferir nas 26 páginas de sua reportagem –
ótimo, ótimo.


David Cohen
Diretor de Redação
dcohen@edglobo.com.br


http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT262445-16350,00.html 2011-09-14

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