Apresentadora: Olá você em todo Brasil. Eu sou Anelise Borges e começa agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá presidente, como vai, tudo bem?
Presidente: Tudo bem.
Apresentadora: Presidente, o senhor esteve em Porto Alegre durante a cerimônia que marcou os dez anos do Fórum Social Mundial. Passado este período podemos dizer que um outro mundo tornou-se possível?
Presidente: Olha, eu acho que foi importante a minha participação no Fórum Social de Porto Alegre porque eu tinha ido no primeiro ano eu tinha penas 23 dias de governo quando eu fui no primeiro Fórum em Porto Alegre e como presidente da república. E era importante que nós pudéssemos voltar lá agora pra poder mostrar um pouco daquilo que aconteceu em sete anos e mostrar que é possível a gente construir um país melhor, de que é possível a gente construir mundo melhor, de que é possível a gente mostrar muita melhora na relação do estado e sociedade, governo e movimento social. Eu acho que foi muito importante e o Fórum tá muito mais calejado, muito mais maduro, eu acho que o mundo inteiro amadureceu e Fórum também amadureceu, as pessoas estão preocupadas em apresentarem propostas objetivas, para que a sociedade possa pleitear junto aos governantes. Então eu fiquei muito feliz de ter ido ao Fórum de Porto Alegre e achei que foi um momento importante da história do movimento social no mundo quando foi criado e agora cada vez mais ele vai se aprimorar, vai amadurecer e eu acho que isso é bom pra democracia.
Apresentadora: Saindo de Porto Alegre vamos a Davos, na Suíça, onde o ministro Celso Amorim lhe representou para receber o prêmio de Estadista Global. É possível traçar uma ponte entre as conquistas alcançadas com o que foi discutido no Fórum Econômico Mundial?
Presidente: Olha, o interessante era o seguinte, você tinha de um lado em Porto Alegre um conjunto de movimentos sociais que em 2003, apesar de muitos terem votado em mim para presidente da República, eles tinham preocupações se nós iríamos ou não conseguir fazer alguma coisa, então eu fui lá pra provar que a gente poderia fazer. E quando eu fui para Davos, em 2003, havia uma grande desconfiança do Brasil, uma grande desconfiança do governo Lula, ou seja, então eu tinha a disposição de ter ido lá e lamentavelmente não pude ir, o ministro Celso Amorim fui no meu lugar, de mostrar o que aconteceu no Brasil porque o que aconteceu no Brasil pode acontecer em outros países. Pode servir de paradigma, não para fazer a mesma coisa, mas pra mostrar que é possível os governos começarem a priorizar as políticas de ajudar as pessoas mais pobres. Por exemplo, um dogma que nós conseguimos quebrar era de que você não podia crescer distribuindo renda, ou seja, primeiro você tinha que crescer para distribuir e nós afirmávamos que era possível distribuir renda e crescer ao mesmo tempo. Ora, quando veio a crise aqui no Brasil, isso ficou claro, era exatamente as camadas mais baixas da sociedade que estavam tendo maiores aumentos de salário e mais programas de transferências de renda que tiveram poder de compra maior, pra poder fortalecer o mercado interno. Então era importante mostrar isso e mostrar também outras coisas que nós fizemos durante a crise, o comportamento do Brasil muito respeitado. Então eu tinha vontade de ir nos dois lugares, só pude ir a Porto Alegre, mas o discurso que eu ia fazer foi lido pelo ministro Celso Amorim e também é motivo de muito orgulho a gente saber que num local em que reinava 99% de desconfiança sobre o nosso governo em 2003 termina o mandato, eles me escolhendo como estadista global. Eu acho que isso é gratificante porque ali era um Fórum de onde eu não esperava ganhar um prêmio, ganhar uma homenagem.
Apresentadora: Você está ouvindo Café com o Presidente o programa de rádio do presidente Lula. Presidente o senhor teve uma crise hipertensiva na semana passada quando estava em Recife, passou a noite no hospital em observação e depois alguns exames no final de semana. Como está sua saúde presidente?
Presidente: Olha, primeiro o que aconteceu foi um aviso de que o corpo humano é uma máquina, ou seja, ela pode funcionar bem 80 anos, 40 anos, 30 anos, mas um dia ela pode ter um problema. E eu, talvez, por excesso de trabalho com uma agenda muito pesada, porque tem um problema agora aqui, se o governo que que está no fim do mandato começa a afrouxar na agenda, começa a deixar as coisas acontecerem, ou seja, dá a impressão que o governo acabou, mas falta um ano de governo. Então, eu sou carro chefe, eu tenho que trabalhar mesmo, eu tenho que trabalhar mais, eu tenho que, eu vou me cuidar, mas eu vou trabalhando porque, sabe um presidente da República não pode ficar em Brasília, tem que viajar ao Brasil mesmo e percorrer o Brasil, visitar as obras, inaugurar, dar as ordens de serviço É esse meu papel, obviamente que eu posso fazer isso com um pouco mais de cuidado, é preciso apenas a gente tomar cuidado, mas vou continuar trabalhando, vou continuar viajando. Eu tenho uma saúde muito boa, graças a Deus, tenho uma saúde boa, mas a gente não pode brincar. Então eu vou me cuidar, mas vou continuar trabalhando muito mais, sabe, porque esse é o último ano e eu tenho muitos ministros que vão sair pra ser candidato a alguma coisa, vai entrar gente nova, sabe, e o comandante tem que tá lá na frente dirigindo, tem que tá gritando, tem que tá cobrando, esse é o papel. Até o dia 31 de dezembro de 2010 quem tiver trabalhando comigo, vai me ver na sua porta batendo e cobrando as coisas, senão as coisas não andam.
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