Politica Externa - Acordo com o Irã foi uma vitória da diplomacia, destaca presidente Lula 17/05/2010
작성자 : 임두빈 작성일 : 2011-01-13 10:38:45 조회수 : 301

Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou Luciano Seixas e começa, agora, o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. O presidente está, agora, uma (hora) da tarde, na base aérea de Teerã, e nós estamos nos estúdios da EBC Serviços, em Brasília. Bom dia, presidente.
Presidente: Bom dia, Luciano.
Apresentador: Presidente, o senhor teve agora, há pouco, uma reunião onde participaram o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o primeiro-ministro da Turquia. Enfim, Brasil, Irã e Turquia, resolvendo um impasse na área nuclear. Como foi feita essa negociação, presidente?

Presidente: Olha, Luciano, eu acho que foi extremamente importante a reunião, aqui em Teerã. O Brasil teve um papel importante, sobretudo, a afinidade existente entre o ministro Celso Amorim e o ministro da Turquia e o próprio ministro das Relações Exteriores do Irã. E foi uma coisa extraordinária. Eu acho que a diplomacia sai vencedora hoje. Eu acho que foi uma resposta de que é possível, com diálogo, a gente construir a paz, construir o desenvolvimento. Mas eu acho que nós precisamos fazer justiça, e acho que até é uma homenagem ao ministro Celso Amorim, que está aqui do meu lado, porque ontem, nós nos reunimos muitas vezes, mas ele ficou reunido até quatro horas da manhã até concluir o acordo, e assinamos a declaração, agora há pouco. Eu acho que é muito importante você fazer essa entrevista com o Celso Amorim. Ele vai falar com você das coisas importantes e, no final, eu me despeço de você, Luciano. Então, eu vou passar para o ministro Celso Amorim.

Apresentador: Está certo, presidente Lula. Olá, ministro, como foi essa negociação Brasil, Irã e Turquia, resolvendo esse impasse na área nuclear?
Ministro Celso Amorim: Bem, olha, veja bem, primeiro foi uma negociação que tomou, na realidade, muitos meses, desde o momento que o presidente Ahmadinejad foi ao Brasil e o presidente Lula, pela primeira vez, levantou a questão nuclear. Nós havíamos percebido que, em função de uma proposta que havia sido feita pela Agência Atômica (Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA), que reconhecia o direito iraniano de enriquecer urânio, havia uma possibilidade de acordo. Mas como você bem pode imaginar, são muitos os detalhes. Então, nós tivemos que trabalhar durante muito tempo e enfrentar o ceticismo de muitos países. Mas o que eu queria lhe salientar é que essa declaração entre Turquia, Brasil e Irã contem os elementos principais que são necessários, todos os elementos que são necessários, para que haja o acordo de troca de urânio por elementos combustíveis. Naturalmente, esse acordo não vai resolver todas as questões que existem na questão nuclear. Mas ele é o passaporte para que se possam haver discussões mais amplas que criem a confiança na comunidade internacional e, ao mesmo tempo, permita o Irã exercer o direito legítimo, a energia nuclear para fins pacíficos, inclusive com enriquecimento.
Apresentador: Ministro, esse acordo será suficiente para evitar sanções internacionais ao Irã?

Ministro Celso Amorim: Olha, na nossa opinião, deve ser suficiente. Porque deve ser suficiente. Porque nós ouvimos todos, nós conversamos muito com os franceses, conversamos, aliás, o presidente acaba de falar até com o presidente Sarkozy (Nicolas Sarkozy, presidente da França). Nós conversamos muito com os americanos, conversamos muito com os russos, os chineses. Então, na realidade, temos plena confiança de quais são e quais eram os problemas. É claro que nós não estávamos negociando em nome deles. Nós negociamos com a consciência das questões e preocupações que eles tem. Eu não vejo nenhuma razão, nem a Turquia, que aliás, é um país membro da Otan, portanto, é muito ligado, aliado, aliado militar até dos Estados Unidos, então, claro, cada um fará seu julgamento, mas nós não vemos nenhuma razão para que haja continuidade nesse movimento em favor de sanções. Vamos continuar, quer dizer, vamos continuar discutindo e vamos vem o que vem, o que vai acontecer. Sempre achamos que era necessário dar um crédito de confiança à paz e à negociação. Agora, nós temos as condições materiais para que esse crédito de confiança exista.
Apresentador: Muito obrigado ministro Celso Amorim por sua participação aqui no programa Café com presidente.

Presidente: Alô, Luciano.

Apresentador: Pois não, presidente. Como o senhor disse, aqueles que querem construir acordos de paz sempre vencerão. Seria essa a mensagem, presidente?

Presidente: Olha, Luciano, eu penso que é exatamente isso. Ou seja, há um milhão de razões para a gente ter argumento para construir a paz e não há nenhuma razão para a gente construir a guerra. O Brasil acreditou que era possível fazer o acordo. Mas o que é importante é que nós estabelecemos uma relação de confiança. E não é possível fazer política sem ter uma relação de confiança. Nós temos que acreditar nas pessoas. E eu penso que nós conseguimos um grande feito e eu, ontem, fiquei muito feliz porque foi uma vitória da diplomacia. Ou seja, quando os diplomatas se reúnem em torno de uma causa séria e têm o apoio dos seus presidentes, a coisa acontece. Então, meu caro, eu estou embarcando agora, nesse momento, para Madrid, vou participar da Cúpula União Europeia-América Latina, depois vou participar da Cimeira Brasil-Portugal e na quinta-feira de manhã estarei no Brasil.

Apresentador: Muito obrigado, presidente Lula, e a gente volta a conversar no próximo Café com presidente. Até semana que vem.

Presidente: Até a semana que vem, com muito paz.

Apresentador: Você pode acessar este programa em www.cafe.ebc.com.br. O Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira, até lá.

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